A coluna de saúde de hoje do Hospital Santa Paula aqui no LeBlog fala da Síndrome do Intestino Irritável. Quem tem sofre e por mais que pareça não se trata de uma doença, mas de um distúrbio funcional, uma vez que ela não pode ser detectada em exames: tanto os testes físicos quanto de sangue têm resultados regulares, só que o paciente tem hipersensibilidade intestinal e quadros de diarreia, constipação ou os dois intercalados, além de dores abdominais e cólicas.
A Dra. Debora Poli, gastroenterologista do Hospital Santa Paula, nos dá informações sobre esse assunto:
É importante ressaltar que a exclusão ou a liberação de alimentos é individualizada e que não existe algo que seja ruim ou bom para todos que sofram da síndrome, assim como o modo de preparo dos alimentos é indiferente. Na medida em que a pessoa se sinta bem com determinados padrões alimentares e mal com outros, são feitos os ajustes em sua dieta com o acompanhamento médico adequado.
No entanto, de maneira geral, uma boa dica é evitar alimentos que possam contribuir para a formação de gases, pois eles costumam piorar os sintomas. Tais alimentos são os que contêm um grupo de carboidratos chamado FODMAP, em que estão oligossacarídeos, dissacarídeos, monossacarídeos e polióis.
Entre os itens ricos em FODMAPs estão maçã, manga, pêra, frutas enlatadas, melancia, pêssego, alcachofra, aspargo, repolho, cebola, alho, couve-flor, cogumelos, abóbora, pimenta verde, iogurte, queijos, trigo e seus derivados.
Já os ingredientes pobres em FODMAPs são: bananas, frutas vermelhas, melão, uva, frutas cítricas, alface, espinafre, cenoura, pepino, vagem, tomate, batata, berinjela, leites de amêndoa, de coco e de arroz, arroz negro, quinoa, cereais, milho e sementes de girassol e de abóbora.
Cuidados gerais de alimentação De maneira geral, recomenda-se comer a cada três horas e ficar atento aos sintomas. Caso o intestino fique preso, a quantidade de fibras deve ser incrementada –o espinafre é muito bem-vindo nessas ocasiões.
Se, por outro lado, houver um quadro de diarreia após a ingestão de qualquer alimento, a orientação é que as fibras fiquem fora dos pratos e que haja um aporte de vitaminas e minerais (por meio de frutas, principalmente), até o funcionamento intestinal se regularizar.
Em ambos os quadros, incluir probióticos na dieta é uma boa ideia, pois eles ajudam a equilibrar a microbiota intestinal (os microorganismos que habitam o sistema digestivo, entre eles as bactérias). Os melhores probióticos para pacientes com síndrome do intestino irritável são os naturais, como o kefir e o kombucha, que podem ser consumidos entre as refeições.
A causa principal da síndrome está associada ao emocional: trata-se de uma alteração no funcionamento do aparelho digestivo relacionada a fatores neuropsicológicos. Os especialistas recomendam que, paralelamente ao tratamento dos sintomas, os pacientes contem com o apoio de um psiquiatra para lidar com estresse, depressão ou ansiedade, por exemplo. Isso é decisivo para o sucesso do controle do quadro, já que quando a pessoa não está bem emocionalmente, não há medida que consiga resolver os problemas causados pela condição.
O diagnóstico é totalmente clínico, ou seja, feito pelo médico em consulta a partir dos sintomas relatados –e são esses sintomas que recebem tratamento, uma vez que a síndrome do intestino irritável em si não tem cura. Os remédios são apenas para o alívio dos incômodos e é preciso ficar de olho na alimentação.