Gastronomia LeBlog Entrevista

LeBlog Entrevista: Renata Vanzetto

renatavanzetto

Essa semana o LeBlog entrevistou a chef prodígio Renata Vanzetto, dona e comandante do badalado restaurante Marakuthai, especializado em receitas contemporâneas com sotaque tailandês.

A história de Renata é bem diferente da maioria dos chefs que já passaram por aqui. Ao contrário dos outros, que descobriram sua vocação gastronômica mais tarde, muitas vezes depois de terem feito outras coisas da vida. Nossa chef descobriu sua vocação aos nove anos de idade, por necessidade e fome, como ela mesma disse.

Aos treze, era responsável pelas entradinhas, já com pegada thai, do Kinkhao, extinto restaurante que sua mãe tinha em Ilhabela, onde cresceu. Esse ambiente de praia e natureza ainda está muito presente em suas receitas, tanto que seus pratos preferidos para cozinhar são os peixes e frutos do mar, apesar de apreciar uma boa carne sangrando.

Aos dezessete anos, a chef se aventurou em estágios na França e na Espanha. Também passou pelo restaurante dinamarquês Noma, do chef René Redzepi, considerado o número um do mundo. Foi lá que ela experimentou um camarão vivo, que considerou a comida mais exótica que já experimentou.

Com apenas vinte e três anos, a chef autodidata já acumula prêmios importantes da gastronomia brasileira, como o de chef Revelação do Casa Boa Mesa, em 2010, entre outros. O sucesso bateu cedo em sua porta, mas isso não assustou a moça, que vê com bons olhos o reconhecimento de seu trabalho.

Leia a seguir, os melhores momentos da entrevista.

Você é uma chef muito bem sucedida, porém, muito nova. Como lida com o sucesso?

Numa boa, acho que o sucesso nada mais é que o reconhecimento do trabalho que venho fazendo. Isso é muito bom, fico feliz com isso! Imagina não ter sucesso. Eu ficaria triste (risos).

A minha idade não me atrapalha, sei lidar com isso. Quer dizer, acredito que sei.  

Você cozinha desde os nove anos de idade e com treze já era responsável pelas entradas do restaurante da sua mãe, em Ilhabela. O que atiçou seu lado gastronômico tão cedo?

Acho que a fome (risos). Minha mãe cozinha muito mal e todo dia a noite só comiamos lanche. Eu odiava isso, queria comer comida. Isso fez eu começar a me virar. Queria comer! 

Qual é a diferença em manter um restaurante em Ilhabela e o mesmo restaurante em São Paulo?

É bem diferente, praticamente tudo muda. Mão de obra, ingredientes. Ilhabela é muito mais restrita, tudo é mais difícil de achar lá. Em compensação, em São Paulo é agito todos os dias, o que é muito mais cansativo e gera mais problemas no dia a dia.

Sinto que os clientes na Ilha são mais relax, aqui é correria sempre! 

Qual é a filosofia por trás do Marakuthai?

Somos uma família muito unida e gostamos de transmitir isso. É um projeto com alma. Damos atenção a cada detalhe. A decoração é feita com tudo usado e reciclado.

 Nossa filosofia é fazer a pessoa se sentir em casa.

Você estagiou na França e na Espanha, porém seu restaurante tem uma pegada tailandesa. Da onde vem essa paixão pela culinária asiática?

Sempre gostei muito de comer esse tipo de comida, meu paladar é exótico. Gosto de gengibre, pimenta, temperos fortes, por isso me interessei por esse tipo de comida. Fora que tem tudo a ver com praia, é uma cozinha tropical, muito leve , colorida, rica em frutas e frutos do mar 

Gosta de comida brasileira? Qual sua preferida?

Amo, claro! Adoro nossos peixes, frutas, farinhas, castanhas. O Brasil é muito rico em matérias primas, isso gera uma cozinha maravilhosa. O exemplo disso é o DOM, Tordesilhas, Mocotó. 

Na sua opinião, quais são os melhores ingredientes do Brasil?

As frutas. 

O que falta na culinária brasileira?

Nada. Só os brasileiros acreditarem mais nela! Estamos no caminho certo! 

Qual é a receita que você mais gosta de cozinhar?

Adoro fazer casquinha de siri, camarão na moranga, pirão, coisas de praia.  

Tem algo que você não come de jeito nenhum?

Nada, mas kani kama é uma coisa que acho bizarra.

Como chef, o ambiente influencia o seu trabalho?

Total, é difícil trabalhar sem estrutura ou em um ambiente chato ou pesado . Comida boa só sai quando o cozinheiro está bem, é puro sentimento.  

Qual foi a comida mais exótica que já experimentou?

Camarão vivo no Noma, na Dinamarca. 

Nessa ditadura da magreza em que vivemos, como conquistar as pessoas pela boca?

Acho que as pessoas estão se preocupando mais não só com a estética, mas com a saúde também.  Isso faz os chefs repensarem um pouco. Temos que nos adaptar a esse momento. Então a sacada é fazer comida boa, mas sempre o mais natural possível. Evitar frituras, coisas industrializadas, trabalhar com orgânicos. 

O mundo da gastronomia sempre foi visto como machista e elitizado. A chef Helena Rizzo, do Maní, ter sido eleita a melhor chef, pode ser um sinal de mudança?

Ela foi considerada a melhor chef MULHER do mundo. Ainda tem essa separação, infelizmente. 

Mas é assim, é o mundo, não só na cozinha, todas as profissões são machistas. Mas sinceramente, isso não me incomoda, acho que tudo tem seu tempo e as coisas acontecem naturalmente, estamos provando ao longo desses anos que temos capacidade, força e somos determinadas assim como os chefs homens. 

Carne, peixe ou frango?

Carne sangrando 

Com coentro ou sem coentro?

Com muito coentro, absurdamente muito! E pimenta, por favor! (risos)/SP

Mais Lidas

Vídeos

Patrícia Mattos

Criou o LeBlog em 2010 especialmente pra quem busca dicas de viagens, gastronomia, lifestyle, moda, beleza e pontos de charme pelo mundo. Hoje, dedica seu tempo integralmente para descobrir o mundo, visitar novos lugares e compartilhar todas as suas dicas e experiências aqui e em suas redes sociais.

Copyright © 2023 Leblog. Todos os direitos reservados Logo Elav